novembro 27, 2009

Pensamento do dia




O Amor é como a relva. Se o plantares e
 regares todos os dias, ele cresce.
Se aparece uma vaca, acaba com tudo!


novembro 10, 2009

Magusto à bêbado

Respondendo ao pedido das meninas da Aldeia mais popular da Blogosfera,  partilho com todos  um magusto que recordo.

A Cusca Endiabrada cresceu no seio de uma família rural, retendo hoje apenas vagas lembranças dos rituais inerentes a cada época do ano, como a apanha da castanha, o magusto ao ar livre com a obrigatória prova do vinho novo no dia de S. Martinho que o Senhor José Gago, seu avô materno, se orgulhava de produzir e nesse dia servia aos vizinhos com tanta generosidade quanto o empenho com que restringia a bebida ao genro, mantendo uma cuidadosa vigilância ao tonel, devido à evidente incompatibilidade entre este e o precioso néctar.


A mãe lamentava-se que o pai nem o vinho devia cheirar, levando-a a supor  que sofria de alergia ao natural corante tinto, só depois se apercebendo que a cor era irrelevante e que o branco exercia nele o mesmo efeito, mas o pai teimava em afirmar que o vinho lhe conferia inteligência, o que parecia ser verdade, dado que mal empinava um copito logo surgiam sinais  de genialidade e começava o espectáculo que variava em número e duração conforme a dose ingerida, começando por ser ocasionais e por fim a ter lugar "dia sim, dia sim".

Num dia de S. Martinho, cujo ano já não recordo,  o pai chegou a casa animado, prometendo aos filhos um fantástico Magusto! A mãe  murmurava baixinho que ele já vinha com a "cadela" levando-os a olhar na sua direcção na esperança de verem surgir um “cachorro”.

Acende-se a fogueira, castanhas no alguidar, as crianças ansiosas vêem o pai fazer malabarismos à volta do lume ensaiando um novo número que diz ser infalível que faz questão de exibir ainda antes de assar as castanhas! A mãe prevendo que dali nada de bom resultará, tenta distraí-lo, demove-lo da ideia, ralha, chora e lastima a sua vida, mas em vão. Do bolso do pai sai um maço de notas que enfia no borralho cobrindo-o com cinza, enquanto afirma:

-  Não arde! Querem uma aposta como não arde? Garanto-vos que não arde! E a seguir assamos as castanhas e vão ver como hoje ficam mais gostosas que nunca!

Não que não ardeu! À excepção de 2 notas de 20$ chamuscadas que a mãe conseguiu salvar, o fruto de uma semana de trabalho ficou reduzido a cinzas.

E foi assim, especial e inesquecível, o Magusto desse ano. Em vez de castanhas e água-pé, engoliram-se lágrimas e  a família foi dormir sem ceia, dando graças a Deus por nessa noite o espectáculo não ter incluído umas “cinturadas”.